O alerta de chuvas moderadas a fortes da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) para Região Metropolitana do Recife (RMR), Zona da Mata e Agreste segue válido até 23h59 desta quarta-feira (22).
O nível do aviso é de estado de atenção, quando há possibilidade de acumulados de chuva acima dos 50 mm. No Estado, o local com maior índice é o bairro da Campina do Barreto, na Zona Norte do Recife, onde choveu 108,57 mm nas 24 horas contadas até 6h50 desta quarta.
Em Dois Unidos, também na Zona Norte da capital pernambucana, foram registrados 105,27 mm de chuva no mesmo período. Em Jaboatão dos Guararapes, na RMR, o índice foi de 96,98 mm em Barra de Jangada [veja mais índices no final do texto].
Na terça-feira (21), o Recife e Região Metropolitana registraram transtornos por causa das chuvas fortes, como alagamentos, que também são registrados nesta quarta-feira na capital pernambucana, segundo a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU):
- Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, entre os n° 1413 e 841, lmbiribeira, ambos os lados
- Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, entre os n° 1967 e 1681, Imbiribeira, sentido cidade
- Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, entre os n° 2857 e 2557, Imbiribeira, ambos os sentidos
- Rua Imperial X Rua Cabo Eutrópio, São José, sentido subúrbio
- Estrada dos Remédios, ao lado do Mercado de Afogados, sentido Madalena
- Avenida Antônio de Góes x Rua Conselheiro Aguiar, sentido cidade
Veja onde mais choveu:
Campina do Barreto, Recife - 108,57 mm
Dois Unidos, Recife - 105,27 mm
Barra de Jangada, Jaboatão dos Guararapes - 96,98 mm
Jardim Fragoso, Olinda - 92,00 mm
Bonsucesso, Olinda - 90,86 mm
Piedade, Jaboatão dos Guararapes - 84,16 mm
Orocó - 78,13 mm
Muribeca, Jaboatão dos Guararapes - 77,40 mm
Tamandaré - 71,60 mm
Costa Azul, Paulista - 67,49 mm
*atualizado às 7h
LEIA TAMBÉM EM,https://www.folhape.com.br/noticias/rmr-mata-e-agreste-seguem-sob-alerta-de-chuva-veja-onde-mais-choveu/262954/
A polícia abriu fogo e matou 69 pessoas em Sharpeville, na África do Sul. Foi no dia 21 de abril de 1969, em uma passeata contra as leis que limitavam os direitos de ir e vir das pessoas negras durante o regime segregacionista do apartheid.
Dez anos mais tarde, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu a data como Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial. Mas, em 2023, as mortes causadas pela polícia ainda são uma das formas mais violentas do racismo em diversas partes do mundo.
No estado de São Paulo, as polícias mataram mais de uma pessoa por dia ao longo de 2022, totalizando 414 casos, segundo balanço da Secretaria de Segurança Pública. Dessas, 62,5% foram identificadas como pessoas negras. Em janeiro deste ano, foram 37 mortes classificadas como “intervenção policial”.
“Historicamente, há uma consolidação de uma certa permissividade do abuso das polícias pelo Poder Público”, explica o pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Dennis Pacheco. Para ele, um dos elementos que não desautoriza a violência das polícias, que se reflete no alto número de mortes, é a falta de condenações, mesmo em casos com fortes evidências de ilegalidade.
“É comum que os promotores arquivem denúncia de abuso por uso da força das polícias nos casos em que policiais matam pessoas. Independente do depoimento das testemunhas, do que se tem de provas construídas ao longo do inquérito, sejam as provas de balística, da cena do crime”, acrescenta.
Uma violência que, segundo o pesquisador, a partir do racismo que contamina toda a sociedade brasileira, acaba sendo direcionada às populações negras. “Está nessa forma de entender o negro como um possível ladrão, como um possível perpetrador de uma violência, que é algo que está muito mais disseminado na sociedade do que uma perspectiva que seja da polícia”, destaca.
Para a assessora de articulação política da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Juliana Borges, existe um fenômeno mundial de criminalização de populações. “Um avanço dessa ideia que o combate ao crime vai garantir bem-estar social. Quando é o contrário, bem-estar social vai ser garantido com mais direitos”, diz.
Vidas Negras Importam
Por isso que a morte, em maio de 2020, de um homem negro sufocado por policiais nos Estados Unidos encontrou, segundo Juliana, ecos em diversas partes do mundo. “A questão do George Floyd não impactou somente a gente aqui no Brasil. Se a gente for pensar naquele mesmo período, a gente teve manifestações contra a violência policial racial na França também”, exemplifica.
O caso desencadeou a criação do movimento Black Lives Matter – Vidas Negras Importam, com diversos protestos nos Estados Unidos, que acabaram chegando também em outros países que enfrentam problemática semelhante.
“Naquele mesmo período [da morte de Floyd], a gente também teve manifestações em alguns países africanos questionando a violência policial”, acrescenta Juliana, ao lembrar dos atos na Nigéria que tinham como alvo a brutalidade do Sars (esquadrão especial antirroubo). Segundo a organização não governamental (ONG) Anistia Internacional, em 20 de outubro de 2020, a polícia e o exército nigerianos mataram 12 pessoas que participavam dos protestos.
No Peru, a Anistia Internacional também acusa o Exército e Polícia Nacional de, em dezembro de 2022, usar força desproporcional para reprimir protestos em áreas com população predominantemente indígena. De acordo com a ONG, ao menos 11 pessoas foram mortas durante a repressão aos atos.
O elo em comum em relação às populações que sofrem com a violência policial é, segundo Juliana, pertencer a grupos discriminados e criminalizados por raça, origem ou etnia.
“Mesmo o racismo sendo modulado nessas sociedades, incidindo de forma diferente, operando de maneira diversa, o que a gente tem é que indivíduos negros ou que são racializados – nos Estados Unidos a gente pode avançar para a discussão da comunidade árabe e dos imigrantes latinos – são essas as populações consideradas perigosas e que precisam ser combatidas”, detalha.
Pressão e controle social
O enfrentamento do problema da violência policial deve ser feito, na visão da especialista, mudando a forma de atuação dessas corporações, trazendo o foco para prevenção e garantia de direitos.
“O mais importante é discutir o combate ao racismo institucional, como a gente faz para construir mecanismos de controle social, controle do uso da força, e formação desses policias que garantam maior segurança para a população e também desses policiais enquanto estão exercendo essa atividade”, diz.
Essas mudanças são possíveis, na avaliação de Dennis Pacheco, a partir da pressão de grupos da sociedade civil, especialmente os impactados por essa violência. “Pressão principalmente dos movimentos sociais. Dos acadêmicos e pesquisadores, como eu. [Pressão] que sempre existiu. As mães de pessoas assassinadas pela polícia sempre se posicionaram, buscaram ocupar os espaços decisórios para prevenir violências como aquelas as quais os filhos delas foram submetidos acontecessem novamente”, enfatiza.
Foi esse contexto que, segundo o pesquisador, ajudou a promover mudanças institucionais nas polícias de São Paulo, o que tem reduzido a letalidade policial, como as câmeras nos uniformes que vêm sendo implantadas nos últimos anos. “A implementação das câmeras faz parte de um conjunto de medidas políticas e administrativas que é muito maior da mera ferramenta tecnológica”, ressalta.
Câmeras e condições de trabalho
Em 2019, os policiais do estado de São Paulo mataram 867 pessoas. Em 2020, o número continuou em patamar semelhante – 815. Em 2021, no entanto, quando o programa de câmeras nas fardas entrou em funcionamento, houve uma redução, com 570 pessoas mortas por policiais. Os equipamentos que registram vídeo e áudio foram implementados, inicialmente, nos batalhões da Polícia Militar que registravam maior número de mortes.
Ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva acredita que é preciso também melhorar as condições de vida e trabalho dos policiais para reduzir a letalidade. “A gente está preocupado com essa questão da letalidade, mas a gente está preocupado com o que gera o efeito letalidade”, diz.
Segundo ele, os policiais sofrem, atualmente, com baixos salários, que fazem com que se submetam a jornadas exaustivas de trabalho, inclusive atuando em funções esporádicas como segurança. Silva afirma que não é possível saber quantos policiais se envolvem nesse tipo de atividade, por ser proibido por lei. Entre as mortes causadas por policiais no ano passado, 143 aconteceram quando os agentes estavam de folga do trabalho oficial.
Por isso, o ouvidor defende que, além de avançar no debate sobre violência, existe um olhar para as condições de trabalho dos agentes.
“O caminho é avançar na tecnologia, na problematização das mortes, no debate sobre como o Estado pode garantir a vida dos civis. Mas a gente também precisa avançar em outras questões que são de valorização da vida policial”, argumenta.
“Uma carga horária menor, um salário mais qualificado, uma política de atendimento à saúde mais decente”, enumera.
LEIA TAMBÉM EM,https://www.folhape.com.br/noticias/violencia-policial-e-expressao-do-racismo-em-diversas-partes-do-mundo/262784/
Há poucos locais no planeta tão remotos quanto Trindade, uma ilha vulcânica no Atlântico sul, aonde se chega após uma viagem de navio de até quatro dias, zarpando da costa do Espírito Santo.
A geóloga as viu pela primeira vez em 2019, quando foi à ilha desenvolver sua tese de doutorado sobre um tema completamente diferente: deslizamentos de terra, erosão e outros "riscos geológicos".
Intrigada, levou dezenas de amostras para seu laboratório.
Ao analisar o material, Santos e sua equipe identificaram as rochas como um novo tipo de formação geológica, resultante da fusão dos materiais que a Terra usa para formar rochas há bilhões de anos e um novo componente: lixo plástico.
"As principais conclusões são que o ser humano está atuando como agente geológico, influindo em processos que anteriormente eram completamente naturais, como a formação de rochas", disse a cientista à AFP.
"Isso entra no cenário do Antropoceno, que vem sendo muito falado na ciência hoje em dia, que é a época do tempo geológico que pode marcar a influência do ser humano nos processos naturais da Terra em nível global. Esses detritos plásticos com aparência de rocha podem ficar preservados no registro geológico e representar o Antropoceno", acrescentou.
Ilha paradisíaca
A descoberta a deixou "triste" e "chateada", disse Santos, que é professora da Universidade Federal do Paraná.
A geóloga descreve Trindade como "paradisíaca": uma ilha linda de 9,2 km², cuja distância a transformou em um refúgio para todo tipo de espécies: aves marinhas, peixes endêmicos, caranguejos em extinção, tartarugas verdes.
A única presença humana na ilha se deve a uma pequena base da Marinha e uma estação de pesquisas científicas.
"É maravilhosa", resumiu a pesquisadora.
"É uma área de proteção ambiental muito importante, então foi mais espantoso ainda que dentro da Ilha da Trindade, em uma das praias mais sensíveis do ponto de vista ecológico, tenha um tipo de poluição destes", explicou.
Ela voltou à ilha no fim do ano passado para coletar mais amostras e aprofundar o estudo do fenômeno.
E encontrou formações plásticas similares às registradas anteriormente em locais como Havaí, Grã-Bretanha, Itália e Japão desde 2014.
Mas Trindade é o local mais remoto do planeta onde foram encontradas até agora, afirmou.
Ela disse temer que à medida que as rochas sofram erosão, microplásticos se infiltrem, contaminando ainda mais a cadeia alimentar da ilha.
"Mudança de paradigma"
Seu estudo, publicado em setembro passado na revista Marine Pollution Bulletin, classificou o novo tipo de "rochas", encontradas em todo o mundo, em vários subtipos: "plastiglomerados", similares às rochas sedimentares; "piroplásticos", similares às rochas clásticas; e um tipo não identificado anteriormente, "plastistones", similar às rochas ígneas, formadas pelo fluxo de lava.
"A contaminação marinha está provocando uma mudança de paradigma nos conceitos de rochas e formações de depósitos sedimentares", escreveu sua equipe.
"As intervenções humanas agora são tão generalizadas que a gente tem que questionar o que é realmente natural", explicaram.
O principal ingrediente que Santos descobriu nas rochas foram restos de redes de pesca.
Mas as correntes oceânicas também arrastaram grande quantidade de garrafas, lixo doméstico e outros resíduos plásticos do mundo todo para a ilha, afirmou a geóloga.
Santos quer transformar o tema em seu principal ângulo de pesquisa.
Trindade "é o lugar mais protegido que eu já conheci", assegurou.
"O problema é que ainda está no meio do Oceano Atlântico, no meio de rotas de navio, e no meio de correntes oceânicas. Então, mesmo sendo muito protegida, é muito vulnerável ao lixo e à contaminação do mar. Isso reflete o problema global do lixo no mar", acrescentou.
LEIA ISSO EM,https://www.folhape.com.br/noticias/geologa-descobre-rochas-de-plastico-em-ilha-oceanica-brasileira/262787/
NOSSOS CONTATOS
WhatsApp - 81 9880-9801
Email - fmplenitude@hotmail.com
ENDEREÇO
CIDADE: Recife
ESTADO: PE