Obras no Mercado de São José

Estabelecimento na área central da capital pernambucana segue sendo reformado

Após a descoberta de quatro ossos humanos no Mercado de São José, no Centro do Recife, os permissionários procuram uma resposta para o fato, que segue em repercussão nesta sexta-feira (12).

As obras no estabelecimento continuam, mas agora, após o achado, uma equipe de arqueologia terá que investigar a origem da ossada.

Leia também

• Náufragos são resgatados ao escreverem "Socorro" em praia de ilha remota

• Demência: Poluição do ar e diabetes são os fatores de risco graves para o desenvolvimento da doença

• Assassinos de ambientalistas na Amazônia peruana são condenados a 28 anos de prisão

O material foi localizado entre os dias 13 e 22 de março, mas a informação só foi confirmada na última quinta-feira (11), pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)

Maria da Conceição Tavares, de 66 anos, trabalha com comércio de ervas no mercado há 41 anos. Desde que começou, ela acompanhou duas reformas no local e questiona o porquê de o achado não ter acontecido nas outras ocasiões.

“Eu não entendo como que aconteceu um negócio desse e por que só foi descoberto agora em 2024, quando já houve outras reformas. Como vai ser daqui pra frente? Eu queria que alguém conversasse com a gente, principalmente os estudiosos que querem descobrir algo sobre isso. Nós temos esse direito”, destaca ela.

“Pelo que eu sei, ninguém matou nenhuma pessoa aí dentro. Esse mercado já tem 148 anos. Então, eu não vejo explicação para isso”, complementa.
Ceça trabalha com ervas há 41 anos no Mercado de São José | Foto: Paulo André Pedrosa/Folha de Pernambuco

Já Elson Ferreira, de 59 anos, que trabalha com artesanato, acredita que a ossada seja de africanos que tenham passado pelo local, visto que o Mercado de São José tem 149 anos de fundação e, naquela época, o trecho em que fica localizado hoje era coberto por mangue.

"Os escravos que vinham doentes e morriam. Eles enterravam aqui, porque aqui era um mangue. Isso tudo é uma questão histórica e burocrática também. Esse mercado tem quase 150 anos de existência e precisamos levar qualquer possibilidade em conta. A história não merece ser descartada", acredita ele.

Elson Ferreira trabalha com artesanato no Mercado de São José | Foto: Paulo André Pedrosa/Folha de Pernambuco

A URB e o Iphan afirmam que a restauração do Mercado de São José segue em andamento. Foram paralisados apenas os locais da identificação dos enterramentos e na porção que ainda precisa ser escavada. 

Obras no Mercado de São José
A requalificação do Mercado de São José visa garantir a restauração e preservação do equipamento, que possui 403 boxes.

O equipamento ocupa uma área de 4,6 mil m² - dos quais 3,5 mil m² são cobertos -, divididas em dois pavilhões, além de um pátio externo. O projeto deve preservar a estrutura dos elementos do Mercado.

A execução do projeto foi dividida em duas etapas para que o comércio no local não seja muito impactado. Nesse primeiro momento, 46 permissionários foram transferidos para um anexo provisório, localizado na rua da Praia, no bairro de São José.

Outros 54 trabalhadores optaram por receber um auxílio no valor de R$ 3 mil enquanto durarem as obras.

A primeira etapa corresponde a 50% do Mercado de São José. Após a conclusão, os permissionários serão realocados para a sede principal, e a outra metade será movida para o anexo para que a reforma seja concluída.

A segunda fase também tem previsão de um ano para ser finalizada, segundo a diretoria da Conviva Mercados e Feiras, responsável pelo projeto.

As obras incluem a reforma dos banheiros, restauração dos elementos de ferro, vidro e madeira. O investimento é de R$ 22 milhões. 

 leia também em,https://www.folhape.com.br/noticias/comerciantes-querem-entender-descoberta-de-ossos-humanos-no-mercado-de/329153/